Os preços mais baixos dos imóveis residenciais no DF fizeram com que as
vendas voltassem a crescer nos últimos meses Isso reduziu o estoque de unidades
a 5,4 mil, um dos menores números da história, segundo a Associação de Empresas
do Mercado Imobiliário (Ademi), mas, em contrapartida, atiçou o setor de
construção civil, que já se movimenta para atender a demanda.
Segundo o Sindicato da Indústria da Construção
Civil do DF (Sinduscon-DF), o Indicador de Velocidade de Vendas (IVV) para
unidades residenciais teve média de 6,25% nos primeiros sete meses do ano,
sendo que a média habitual costuma ficar abaixo dos 5%. Na prática, isso
significa que a cada 100 imóveis ofertados por mês, pelo menos seis foram
vendidos. O ápice aconteceu em junho, quando a cada 100 unidades, oito foram
comercializadas.
A lei da oferta e da procura conduziu o mercado até
atingir o novo patamar de liquidez. O preço do metro quadrado, em geral, no DF
caiu no mínimo 20% nos últimos dois anos, chegando a uma média absoluta de R$ 6
mil. Para atender a demanda, a indústria da construção civil tem tentado uma
retomada, ainda de maneira tímida.
O presidente do braço local da Federação das
Indústrias (Fibra), Jamal Jorge Bittar, diz ainda não ter dados consolidados
sobre o último trimestre – devem ser divulgados na próxima semana -, mas afirma
que o aumento no número de contratações ao longo do ano, pelo setor de
Construção Civil, é um indicativo de aquecimento do mercado. “Esse setor não depende
de sazonalidade. Imóvel não é presente de Natal para comprar no Natal. Então,
se estão contratando, é porque há demanda”, diz, categórico.
Conforme a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED),
da Companhia de Planejamento (Codeplan), dois mil trabalhadores da construção
civil ganharam emprego no último mês, um aumento de 3,5% em relação a julho. A
maior alta em 2017 foi registrada em junho, com variação positiva de
trabalhadores empregados de 6,8%, em comparação ao mês anterior. “O estoque de
imóveis está diminuindo e isso é sinal de que há negócios acontecendo. A
indústria quer entender esse momento como algo consistente e, com o tempo,
teremos a dimensão. Não me parece pontual, mas uma retomada cuidadosa”, projeta
Bittar.
O otimismo do industrial, no entanto, vai de
encontro às previsões da Ademi sobre o futuro. Para a associação, a demanda
deve superar a oferta em breve.
Estoque baixa, diz Ademi
“Ainda não existe uma retomada”, sentencia o
presidente da Ademi, Paulo Muniz. Para ele, um grupo de empresários tem
projetos aprovados e em andamento, mas a falta de liberação dos licenciamentos
junto ao Governo de Brasília, em especial alvarás, prejudica o reaquecimento
pleno.
Ele lembra que o estoque atual de 5,4 mil unidades
é um dos menores números já registrados. A média histórica é de nove mil e o
pico foi constatado em 2013, quando chegou a existir 18 mil unidades à
disposição. “Para quem tem interesse em adquirir, o momento é agora. Não há
grandes lançamentos, foram apenas seis ou sete esse ano, e com número baixo de
unidades”, Muniz faz a ressalva.
Segundo ele, uma construção leva, em média, seis
meses entre a aprovação do projeto, o erguimento e a entrega, portanto, mesmo
que a indústria esteja se mobilizando para suprir a demanda crescente, será
difícil acompanhar. “É o terceiro ano que a velocidade de vendas cresce acima
do esperado. Pode chegar a um ponto que as pessoas vão querer os imóveis e vai
haver poucos, então os preços subirão”, projeta.
Assim, a corrida da indústria para acompanhar
promete apimentar o sistema de compra e venda de imóveis. Por enquanto, os
preços reduzidos, inclusive para alugar, tornam as aquisições algo atrativo,
mas, como sempre, o negócio imobiliário tende a ser imprevisível.
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