Finalidades
Para a concretização das diversas Operações de Salvamento (Resgate) em locais
de difícil acesso, edifícios de grande altura, em zonas de montanha ou alta
montanha e, noutros locais de risco acrescido, recorre-se às diversas técnicas
de escalada & montanhismo. Estas, são a base de todo o nosso trabalho.
Técnicas Especiais de Socorro
Os equipamentos necessários para se realizar um resgate de um sinistrado sem
que haja algum dano para o resgatado e resgatador, são:
Reuniões;
Bloqueadores e descensores;
Roldanas;
Nós;
Cordas;
Macas;
Outros - todo o material de escalada, incluindo alguns equipamentos especiais
de protecção e transporte de sinistrados de zonas isoladas para as
viaturas de socorro; nestes, temos como meios de salvamento os meios
improvisados de transporte, meios flexíveis de transporte e meios rígidos de
transporte.
Ao utilizar técnicas de Socorro, é necessário:
Conhecer os materiais e técnicas de escalada;
Ter conhecimentos de Socorrismo;
Conhecer os meios de salvamento;
Dominar as técnicas de salvamento (técnica de descensão – rappel,
técnica de ascensão, slide, tirolesa, progressão no solo).
Meios de Salvamento:
Meios Improvisados de Transporte (são todos os meios rápidos, capazes de
solucionar uma eventual situação de transporte de um ferido com o material
disponível na ocasião);
Meios Flexíveis de Transporte (são os meios específicos utilizados por uma
equipa de salvamento);
Meios Rígidos de Transporte (são os meios de salvamento que
proporcionam um máximo de apoio e proteção á vítima, graças á sua rigidez.
Materiais já utilizados por uma equipa de salvamento.
Bouldering
Realização de técnicas específicas a baixa altura, incluindo deslocamentos
laterais. Realizado sem segurança, pode-se, no entanto, utilizar colchões de
queda ou um companheiro que tenta segurá-lo em caso de queda.
Escalada com segurança por cima (top rope)
Qualquer que seja o ponto onde se dê uma queda, o escalador não sofrerá muito
pois a reunião encontra-se acima dele, no topo da via.
Escalada a abrir
O escalador progride mosquetonando os pontos de proteção (sem os utilizar para
descansar). A queda terá, no caso do escalador ter passado acima do último
ponto de proteção, o dobro da distância percorrida acima daquele. É, por isso,
mais desgastante quer física quer mentalmente
.
Conhecer o material a utilizar:
Corda
Para reter uma queda e absorver a sua energia, utilizamos uma corda em nylon do
tipo dinâmico que se alonga quando sofre um choque. A corda é constituída pelo
exterior entrelaçado que protege a alma do uso – a camisa. A alma é constituída
por um entrelaçado de poliamida. Para os nossos objetivos, a escolha recaiu em
diversos tipos de cordas com camisa reforçada e de diâmetro superior a 10mm,
quer dinâmicas quer estáticas.
Fita
Utiliza-se para fazer as reuniões ou improvisação de arneses, devem preferir-se
as de configuração tubular.
Baudrier
Também designado por arnês, é o elemento que faz a ligação da corda ao nosso
corpo. Deve ser escolhido criteriosamente tendo em conta o modelo e tamanho
adequado. São utilizados modelos reguláveis (adequam-se a vários tamanhos) com
sistemas de fecho muito seguros.
"Expresses"
O nome pelo qual é conhecido o conjunto de dois mosquetões e uma cinta cosida.
De um lado um mosquetão com um gancho de abertura reto para mosquetonar a
plaqueta e um curvo para mosquetonar a corda. São utilizados em escalada
desportiva ("a abrir").
Saco de Magnésio
Devido á transpiração, por vezes, perde-se aderência nas presas (pontos de
apoio), servindo o magnésio para contrariar esse efeito.
Pés de Gato
Sapatos especiais com elevada aderência e específicos para a escalada.
Mosquetão de segurança (ou de fecho)
Utilizado para várias técnicas e manobras na escalada.Podem ter fecho
automático ou de rosca.
Descensor de oito
Usado na segurança e no rappel. Existem vários modelos, mas convém que seja
testado, pois é um dos raros elementos sobre os quais não há contra-segurança.
Descensor catch (ou tubo)
Usado também na segurança, apresenta-se como uma boa alternativa ao oito, pela
sua leveza e simplicidade.
Grigri
Sistema de autoblocagem muito seguro (basta abandonar o sistema que este se
auto-bloqueie), também utilizado na segurança. É um bom investimento, já que
para descidas, só é necessário verificar se está corretamente encordoado e se a
corda tem o comprimento suficiente (dar um nó na corda no extremo contrário ao
do escalador).
Cuidados a ter com o material
Corda
A corda deve ser homologada pelo UIAA;
Evitar a exposição aos raios UV do sol;
Evitar a exposição ao calor excessivo (ex: deixar a corda dentro do carro ao
sol);
Evitar deixá-la em contacto com produtos químicos (produtos corrosivos e até
microorganismos em ambiente úmido);
Evitar a abrasão na rocha, o atrito dos mosquetões e as queimaduras do rappel;
Marcar o meio da corda com fita adesiva;
Lavar a corda, se esta estiver muito suja, com água morna e sabão neutro e
secando-a à sombra.
Substituir as cordas por períodos de 4 ou 5 anos ou, em caso de quedas extremas
(fator acima de 1,5).
Baudrier
Deve ser substituído em períodos de 5 anos, ou em caso de queda extrema;
Tal como a corda, deve evitar-se a exposição fatores danificadores acima referidos.
OS NÓS
Nó de oito (corda)
Nó muito seguro e o mais fácil de controlar, pelo aspecto visual do
"oito". É obrigatório nas competições internacionais. Apresenta uma
desvantagem para desfazer em caso de queda, pois fica demasiado apertado. Pode
ser feito diretamente no baudrier, o que requisita uma maior atenção, ou duplo,
para ser utilizado com mosquetão de rosca ou de fecho automático.
Nó direito (nas fitas)
Utiliza-se para unir duas pontas de fita. É necessário muita atenção na
verificação deste nó.
Nó sangle (nas fitas)
Também utilizado para unir duas pontas de fita, parece-nos mais seguro, pela
fácil visualização da segurança do nó. Recomenda-se que as pontas tenham um
comprimento superior a 10cm.
Nó de pescador
É utilizado para fechar o encordoamento com o nó de oito no baudrier, evitando
que se desfaça e que a corda restante fique pendurada.
É utilizado também para unir duas pontas de corda – neste caso deve usar-se o
nó de pescador duplo.
Nó Prusik
Utilizado para fazer auto-segurança ao rappel. Pode ser feito em cordino ou em
fita.
Nó Machard entrelaçado
Utilizado para fazer auto-segurança ao rappel . No mínimo deve fazer 7
cruzamentos para que seja eficaz.
Realizar com segurança os nós acima descritos
Os nós são a BASE DE TODO O TRABALHO. A realização dos nós deve, principalmente
no início , ser verificada por monitor ou formador responsável. Sugere-se um
treino prévio e apurado dos mesmos, até mesmo com os olhos vendados. Treinar
também a execução de um nó ou de uma série de tarefas encadeadas (por ex. fazer
cadeirinha, colocar o mosquetão e encordoar o descensor oito para fazer
segurança). Convém que haja uma verificação de todos os procedimentos de
segurança.
Técnicas
Encordoamento
O encordoamento deve ser feito diretamente sobre os dois pontos de segurança do
baudrier e não só pelo anel. No caso da escalada na escola, pode fazer-se o nó
de oito duplo e encordoar-se com um mosquetão de segurança, evitando assim o
fazer e o "desfazer" de sucessivos nós de oito.
Colocar o baudrier:
O anel de segurança do baudrier deve ficar para frente, deve ficar ajustado e
deve ser escolhido de acordo com as medidas corporais do indivíduo. Deve
prestar-se atenção aos fechos dos baudriers – "os «dangers» tapados".
Fazer a "cadeirinha" (com fitas)
A utilização dos arneses improvisados ("cadeirinhas") deve ser
evitado. No entanto, se optarmos pela sua utilização deve-se redobrar a
atenção relativamente à sua execução: devem utilizar-se nós apropriados para
este material (nó direito ou sangle), deve ficar justa e com dois pontos de
segurança.
Utilização dos mosquetões
Os mosquetões a utilizar nos principais pontos de segurança devem ser os
chamados mosquetões de segurança (ou fecho), que possuem um fecho automático ou
em rosca, evitando assim a sua abertura acidental.
Mosquetonagem
No caso da escalada a abrir é necessário ir colocando os expresses à medida que
se sobe via. Esta técnica requer alguma destreza e concentração, pois, enquando
de uma subida com um nível de dificuldade mais elevado tem que ser realizado
rapidamente e com segurança. Podem ser usadas duas técnicas:
1ª Segurar o mosquetão com o dedo médio e mosquetonar a corda com o polegar e o
indicador;
2ª Segurar o mosquetão com o polegar e empurrar a corda através do gancho com o
indicador e o dedo médio.
Durante esta manobra, o escalador deve fixar a sua posição e mosquetonar, tendo
em atenção o sentido da progressão e a orientação dos mosquetões (ver as figuras
seguintes).
Reuniões
São os pontos onde se fixam os pontos de segurança. Podem ser fixas, através de
elementos naturais, tais como grandes rochas (muito superiores ao peso dos
escaladores e sem perigo de deslizar), grandes árvores, etc., ou através de
fixações artificiais, conjunto de plaquetas e cadeados ou fitas. Quando não
conhecemos a via a escalar devemos verificar o estado das reuniões e das
plaquetas.
Fazer a Segurança ao escalador
Elemento de superior importância na escalada, o elemento segurador, deve ter
muita atenção ao encordoamento no oito de acordo com a técnica prevista, assim
como, como a colocação das mãos e do mosquetão de segurança. Deve ainda, prever
as possíveis quedas nos passos mais difíceis da escalada, bloqueando
antecipadamente a corda com técnica adequada ("mão que segura a corda
atrás das costas") prevenindo uma queda mais grave.
Outra possibilidade de fazer segurança à escalada é através do grigri. Por ser
um elemento autoblocante, torna-se mais fácil e mais seguro de utilizar.
Aspectos a ter em linha de conta:
colocação e movimentação das mãos, quer seja com o descensor de oito, quer com
o grigri;
posição do corpo (com um apoio avançado);
segurador deve estar perto da parede para evitar ser puxado contra ela em caso
de queda e, caso isso aconteça, deve colocar um pé contra a parede para
amortecimento do choque;
relação do peso do escalador com o segurador;
dar corda para descida em rappell ou para passo em dificuldade;
no caso da escalada "a abrir", a mosquetonagem, é sempre um momento
crítico porque o escalador encontra-se suspenso de um só braço e está acima da
última proteção arriscando-se a cair ao puxar a corda, o que aumenta
consideravelmente a queda;
no momento da queda o segurador pode dar um passo em frente para evitar que a
queda seja demasiado "seca", participando no amortecimento do choque;
inicialmente colocar um colega a fazer dupla segurança.
Escalar em "top rope" ou "a abrir"
Respeitando sempre os seguintes princípios:
3 pontos de apoio: o escalador deve, sempre que possível, ter três pontos de
apoio bem seguros para deslocar o outro.
Verticalidade (corpo próximo da parede): Durante a escalada (exceto nos
declives positivos) o centro de gravidade (g) não "cai" no normal
polígono de sustentação, ou seja entre os dois pés quando nos encontramos de pé
no solo. Por isso os membros superiores têm que equilibrar a componente
horizontal da força de gravidade.
No exemplo acima, na medida do possível, devemos estabilizar a linha de forças
nos três pontos: (A) ponto de aplicação da mão em apoio; (g) o centro de
gravidade; (B) ponto de aplicação do pé em acção de elevação (fig 1). Existem
três possibilidades:
1º Passar o pé de acção para a linha do centro de gravidade (fig. 2);
2º Ou, transferir o centro de gravidade sobre o pé através de um deslocamento
lateral (fig. 3);
3º Ou, por fim, tentar elevar-se aproximando o mais possível a bacia pélvica da
parede, mantendo o alinhamento inicial (fig. 4).
A regra das distâncias: as mãos e os pés devem percorrer pequenas distâncias
entre os pontos de apoio. As mãos devem manter-se abaixo da cabeça e pés abaixo
dos joelhos. A progressão deve ser feita em pequenos passos. Para uma maior
economia de esforço, os membros superiores não deverão fazer a tração, esta
deve ser feita, sempre que possível, pelos membros inferiores.
Descer em rappel
Depois de escalar a via é, por vezes, necessário descê-la sem segurança
realizada por outro companheiro. A técnica utilizada é o rappel através do
descensor oito e deve ser complementada, para uma maior segurança, com o nó
Machard entrelaçado.
Quando o escalador desce a via com o auxílio do companheiro que faz segurança,
aquele deve adotar a mesma posição do corpo como no rappel. No caso de se
utilizar a mesma corda da escalada, deve utilizar-se em dupla, para depois ser
possível recuperá-la (ver fig.)
Queda
Existem três tipos de quedas que nos interessam:
Queda do 1º sem nenhum ponto intermédio entre ele e a reunião. Evidente que o
este tipo de queda é grave, o escalador cai abaixo da reunião existindo mesmo o
risco de a arrancar.
Queda do 1º com um (ou mais) pontos de segurança entre ele e a reunião.
Queda do escalador seguro por cima.
Durante uma queda devemos tentar saltar para fora da parede e ter especial
cuidado aquando do regresso a esta; por isso, devemos permanecer virados para
esta (agarrar a corda junto ao nó de oito e não o express, pois este pode
abrir). Na medida do possível, o contato deve ser feito com os pés e em
amortecimento.
Estratégia
Antes
Recolher o máximo de informação acerca do local onde se vai fazer escalada ou
salvamento, tais como: quem equipou as vias; a idade do equipamento; condições
meteorológicas; natureza da rocha; altura das vias;
Antes de iniciar a escalada verificar todos os requisitos de segurança, tais
como: nós, baudrier, etc.;
No caso da escalada a abrir, prever os pontos de mosquetonagem e preparar
previamente os expresses de acordo com a progressão prevista;
Verificar se as condições atmosféricas permitem uma subida em segurança.
Durante
Permanecer concentrado;
Saber descansar física e mentalmente, restabelecendo a circulação sanguínea e a
respiração após uma ação mais vigorosa, nomeadamente em contração estática;
Saber observar as presas para uma melhor utilização das mesmas e imaginar os
passos seguintes.
Após
Saber descontrair e voltar à calma;
Refletir sobre a prática, avaliando os aspectos positivos e negativos
realizados